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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

BUSTO DA 1ª REPÚBLICA PORTUGUESA

Francisco dos Santos frequentou as aulas de Escultura de Simões de Almeida (tio), na Escola de Belas-Artes de Lisboa, partindo depois para Paris, onde frequentou o atelier de Charles Verlet, e, mais tarde, para Roma. Aí, em 1906, executou a estátua Crepúsculo (hoje no Museu do Chiado).Regressando a Portugal em 1909, participou, no ano seguinte, no concurso da Câmara Municipal de Lisboa para eleição do busto oficial da República portuguesa, do qual saiu vencedor.Em 1913 esculpiu Salomé, considerada a sua obra-prima (também no Museu do Chiado).Em 1915 e 1917 realiza Um Beijo e Nina (no mesmo Museu) e, em 1920, concebe Prometeu (no Jardim Constantino, frente à Assembleia Distrital de Lisboa).Da sua autoria são também a escultura mortuária Poeta para o túmulo de Gomes Leal (Cemitério do Alto de São João, Lisboa) e o Monumento ao Marquês de Pombal (na Praça do mesmo nome, em Lisboa), vencedor no concurso aberto para selecção do melhor projecto.
A representação tradicional da República foi inspirada na figura central de uma pintura panfletária de Eugène Delacroix (1798-1863), “A Liberdade Guiando o Povo” (1830). Neste quadro, o principal pintor do Romantismo francês mostra uma figura feminina com um barrete frígio, representando a Liberdade, destemida e determinada. Os seios descobertos, sem intuitos lascivos, exprimem a ideia de liberdade absoluta, contra os normativos morais vigentes. O barrete frígio, já utilizado na antiguidade pelos habitantes da Frígia (actual Turquia), foi adoptado pelo povo como símbolo revolucionário na tomada da Bastilha (1789) e tornou-se um dos principais símbolos da República Francesa.
A Liberdade imaginada por Delacroix em 1830 foi logo depois representada em busto por diversos escultores, reproduzida e reinterpretada ao longo dos anos e décadas, até ao presente. Manteve o ar decidido, o barrete frígio, cobriu-se o peito e acrescentou-se o ramo de loureiro triunfal ou a foice, simbolizando a abundância.
Na França, a figura que representa a República é conhecida desde sempre por Marianne.

As três propostas vencedoras (da esquerda para a direita):
Francisco dos Santos; Simões de Almeida; Júlio Vaz Júnior.

Conhecido por José Simões de Almeida (sobrinho) para se distinguir do seu tio (Mestre escultor José Simões de Almeida), o autor do busto português da República nasceu em Figueiró dos Vinhos em 1880 e faleceu em Lisboa em 1950.
Formou-se em Escultura em 1903, na Academia Real de Belas-Artes (depois Escola de Belas-Artes de Lisboa), onde foi aluno de seu tio e mais tarde professor de desenho e pintura.
Bolseiro da Academia Nacional de Belas Artes, estudou escultura em Paris e Roma.
Após a conquista da Câmara de Lisboa pelos republicanos nas eleições de 1 de Novembro, o novo presidente da Câmara, Anselmo Braamcamp Freire (1849 –1921), encomendou a Simões de Almeida (sobrinho) um busto para a República, que o escultor executou utilizando como modelo a jovem Ilda Pulga.
A República só teve símbolos oficiais em 1911 (e efígies republicanas nas moedas em 1912), razão pela qual esse busto marcou presença em diversos acontecimentos republicanos e cerimónias oficiais logo após o 5 de Outubro de 1910, com destaque para o funeral conjunto de Miguel Bombarda e de Cândido dos Reis (6 de Outubro de 1910), e granjeou a preferência de muitos lideres republicanos. Para o concurso nacional de 1910, Simões de Almeida apresentou uma proposta baseada nesse primeiro busto, com alterações suficientes para cumprir a exigência regulamentar de obras inéditas, mas rapidamente identificada pelo comum dos republicanos e a proposta vencedora do concurso nacional não teve aceitação popular. Encontra-se hoje exposta no Museu da República.

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